Por Laís Mari Rabelo
Emília nasceu quando sua mãe Sabrina Silva tinha apenas 17 anos e ainda estudava. O pai não quis saber da criança e fugiu com outra mulher antes mesmo do nascimento da filha. Os dois não eram namorados, apenas haviam “ficado”, “termo utilizado pelos jovens para definir um relacionamento sem compromisso”, explica a assistente social Juliana Farias Goncho.
Com bastante esforço, Sabrina criou a criança com ajuda de seus pais. Assim como 20% das crianças que nascem no Brasil, Emília nasceu quando sua mãe era adolescente e solteira, segundo dados da Pesquisa Nacional em Demografia e Saúde realizada em 1996.
Quando Emília completou dois anos, a mãe resolveu sair com as amigas pela primeira vez depois da gravidez. Conheceu e começou a namorar Evandro. Estudado e com bom emprego, o homem de 30 anos estava disposto a assumir Emília e criá-la junto de Sabrina. Já durante o namoro cumpria funções de pai, levava para a creche e ao médico. “Ele fazia questão de vestir a roupa de Papai Noel no dia de natal, só para ver Emília feliz”, lembra Sabrina.
Tudo o que Evandro fazia realmente tocava o coração da mãe de Emília. Porém depois de 5 anos de namoro o verdadeiro pai da criança apareceu. Sabrina relutou em aceitar que Júlio Ferraz Nascimento teria direito de visitar a filha. Mas depois de alguns meses, o homem por quem a Sabrina havia se apaixonado quando adolescente parecia ter se arrependido.
A decisão de romper o namoro com Evandro veio em seguida. Emília, então com sete anos e apegada ao padrasto, adoeceu. “Crianças sentem muito a falta da figura pai e mãe, muitos demonstram seu estado emocional com mudanças físicas de saúde, como febre e problemas estomacais”, ressalta a psicóloga Karla Rabelo.
A possibilidade de ver seus pais juntos novamente garantiu a melhora da menina. E em apenas seis meses Sabrina e Júlio casaram. Tiveram mais um filho, Artur. “Quero curtir toda a infância dele, já que não estive presente enquanto Emília era bebê”, conta Júlio.
Esta é uma história com final feliz, Sabrina diz que Emília está muito melhor agora. Na escola as notas melhoraram, a professora Marizabel Silvestre garante que depois que o pai voltou, a menina é outra. “Ela está desinibida e mais segura. Com certeza isso faz diferença para a auto-estima da criança”.
Aos 11 anos Emília brinca com Tony, o vira-latas que estava na rua e conquistou a menina ao ponto de querer criá-lo. Enquanto isso a avó da menina Milene Silva lembra como foi difícil o começo. “A nossa situação financeira não era ruim, mas queríamos garantir os estudos dos filhos”. Milene e o marido eram os donos da loja de roupas do bairro. Viajam para São Paulo todos os meses para buscar mercadorias. Era da loja que tiravam o sustento dos quatro filhos. Tinham carro, e casa própria. Os filhos estudavam, porém o dinheiro não era suficiente. E para cursar a faculdade, Sabrina teria que procurar um emprego.
O nascimento de Emília fez a rotina da família toda mudar. Para que Sabrina pudesse ao menos terminar o segundo grau, seu irmão mais velho trancou o curso de Administração durante um semestre para poder ficar com a menina enquanto a mãe estava no colégio. Já Milene precisou adiar a reforma da cozinha para comprar o enxoval da neta. “Mas conseguimos, somos uma família unida até hoje e Emília nos trouxe várias alegrias”.
1 comentários:
é impressionante como os problemas sociais afetam diretamente na vida das pessoas, principalmente dos mais necessitados, mas entristece muito ver depoimentos como este em um municipio que era pra estar com tudo em dia por ser tão (pequeno), como deve ser os miolos de seus governantes mediocres, é insuportavel ver uma naturalidade desta se criando nos lugares mais abastardos, de dificil acesso a tudo, como pode existir tais...
é triste.
o povo não merece.
imbituba não pode se deixar ir de vento em polpa para esses altos mares de nada.
boa matéria.
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