quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A situação do orfanato

Por Eliana Maccari

Um bebê, duas crianças e dois adolescentes. Estes são os menores de idade que se encontram no orfanato Paraíso da Criança, em Urussanga. Em outros tempos, o abrigo já chegou a ter mais de 100 menores de idade. Hoje, com a nova Lei Nacional de Adoção, as normas judiciais são outras.

Segundo o presidente do Conselho Tutelar de Tubarão, Fernando Fernandes Antunes, o menor só chega ao abrigo após o encaminhamento do conselho. Casos de desestruturação familiar e de abandono são as maiores causas para a retirada do menor do lar. O conselho tenta todas as possibilidades para a criança manter o vínculo familiar, ainda que seja com parentes próximos ou distantes. Não obtendo êxito, o menor é encaminhado ao orfanato. Antunes ressalta que muitas crianças, mesmo em situação de risco, desejam estar junto com os pais.

“O pai pode beber, a mãe pode bater, se prostituir. Por pior que seja o pai e a mãe, as crianças querem estar com eles”, revela a psicóloga do orfanato Paraíso da Criança, Rosimere Meneghel.

A chegada ao abrigo é um dos momentos mais difíceis para o menor de idade. A maioria deles não entende o que está acontecendo. Rosimere explica que o estado emocional é bem afetado, havendo muito sofrimento. As reações, ao entrar no orfanato, vão desde angústia até rebeldia, demonstradas em pequenos gestos do dia a dia.

Um caso recente de rebeldia, citado por Rosimere, é de B. M., 8 anos. O menino está há três meses no abrigo, junto com a irmã L. M., 12 anos. Ele não estuda e não se dedica na escola. A psicóloga revela que constantemente ele diz que não vai melhorar enquanto não voltar para a casa dele. A questão do futuro é trabalhada pela psicóloga no orfanato, mas o tema é complicado, pois Rosimere sabe que o futuro deles é incerto. “Prepará-los para quê”, questiona ela.

Uma das mudanças na nova Lei Nacional de Adoção é sobre a permanência no abrigo. Antes não havia prazo. Hoje a criança pode ser mantida por no máximo dois anos e seu caso reavaliado a cada seis meses. Essa é uma decisão que muda o psicológico dos menores que passam pelo orfanato. No entanto, o preconceito é outra barreira. Segundo Rosimere, os menores têm vergonha de contar que moram no abrigo já que são alvo de piadas na escola. Geralmente recebem o apelido de “sem teto” dos colegas.

A zeladora do orfanato, Terezinha Camola, afirma que os menores rejeitam o abrigo porque não há autorização para eles saírem do local. O contato com o mundo fora do orfanato acontece somente quando as crianças estão na escola. Nos finais de semana parentes só podem passear com o menor mediante autorização do juiz.

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