quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A responsabilidade da adoção

Por Catarina Ko Freitag


Muitas vezes, ter um filho não é tão fácil assim. A maioria dos pais que querem uma criança são estéreis, têm problemas de saúde, ou já tiveram vários abortos. A solução é a adoção. Adotar uma criança é uma responsabilidade para o resto da vida, os pais devem estar muito cientes deste ato. Os pais têm que levar em consideração que a adoção deve resolver o problema de uma criança, que é o de encontrar uma família, e não para segurar as brigas de um casal. Aceitar a adoção de uma criança é uma tarefa difícil, principalmente para a mãe, pois durante a gravidez há todo um processo de reconhecimento da maternidade da mãe, ver a barriga crescendo, sentir um filho dentro dela. É uma sensação única. Porém o mais importante é dar amor, educação e carinho à uma criança, seja ela biológica ou não. Mariana de Souza, hoje é uma moça, trabalha, faz faculdade, tem tudo o que sempre sonhou, se ela não tivesse sido adotada há 19 anos, talvez nem existisse mais.

No Brasil a demora no processo de adoção é uma das principais causas de desistência nas filas. As etapas do processo são muito burocráticas, e em média as pessoas ficam mais de dois anos na fila de espera. Se por um lado há os pais que querem adotar um filho, existem outros que querem se livrar dos seus. Pais inconseqüentes geram os filhos, mas não dão os cuidados necessários que uma criança precisa. Nestes casos, entra em cena o conselho tutelar de cada cidade. É papel do conselho zelar pelo bem estar físico e psicológico da criança e do adolescente. Cabe-lhe fiscalizar denúncias de maus tratos, exploração sexual, pressão psicológica, trabalho infantil, negligência e abandono. Segundo o presidente do Conselho Tutelar de Tubarao, Fernando Fernandes Antunes, existem várias formas de denunciar uma família à instituição. Pode ser procura espontânea, pela central de atendimento Disque 100, por apontadores que flagram crianças vítimas de maus tratos infrequência escolar.

No caso de Mariana, seus pais adotivos queriam muito um filho, porém sua mãe era sangue O- e seu pai O+, dando problemas sanguíneos ao feto. Ela já tinha tido três abortos. “Minha mãe, que sempre foi muito católica, perguntava sempre à deus o que ela tinha feito de errado para não conseguir ter um filho”, lembra ela. Neste mesmo tempo, em uma comunidade vizinha, uma mãe alcoólatra, que já tinha dois filhos de pais diferentes, iria jogar seu terceiro filho, recém nascido, de uma ponte. “Ela estava muito alterada, dizia que não era para eu ter nascido, que tinha que terminar logo com aquilo”. Foi uma situação bem complicada.

O tio de Mariana, que já sabia que seu irmão queria muito um filho, tirou o bebê das mãos da mãe (que estava prestes à jogá-lo no rio) e o entregou ao seu irmão. Eles a adotaram com um mês de idade, a registraram como se fosse filha biológica, sem a papelada da adoção. Antunes admite que é muito comum que isto aconteça, porém adotar uma criança sem passar pelos processos adotivos é considerado crime. O fato é que Mariana teve uma família, e é muito amada e feliz. “eu tinha uma irmã biológica, mas ela não teve a mesma sorte que eu. Era dois anos mais velha, tinha cabelos loiros, olhos verdes, muito parecida comigo. Quando ela tinha 17 anos, morava em um abrigo no centro de Florianópolis, vivia sem a mãe há muito tempo, e era usuária de drogas. Uma noite ela foi atropelada, e o carro fugiu sem prestar socorro”, revela. Segundo Antunes, se o conselho estivesse presente naquela época, os dois filhos seriam tirados da mãe, por negligência, e seriam levados à algum orfanato.

“Não há nada mais gratificante para alguém do que ser chamado de mãe ou pai. É uma grande responsabilidade que adquire ao longo da vida. Filhos são uma dádiva de deus, e deve-se amá-lo ao extremo, não importando se são biológicos ou adotados, o que importa é a educação e o amor dado a eles. Lembre-se que para se adotar uma criança é preciso ter muita paciência, e não ‘escolha’ a criança, tente se imaginar primeiro no lugar delas”, relata a mãe adotiva de Mariana.

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