quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Quando falta o amor


Por Lisiane Back

Abandono, descaso, maus tratos. Esses são os principais casos atendidos pelo Conselho Tutelar. Histórias que impressionam e muitas vezes parecem não ser reais. Pais drogados, mães prostituídas e filhos deixados de lado. Crianças indefesas, passando fome, apanhando, sofrendo abuso sexual e sem receber carinho e atenção. Pequenos cidadãos sofrendo dentro das próprias casas, lugar que deveria ser o porto seguro de cada um.

O presidente do Conselho Tutelar de Tubarão, Fernando Fernandes Antunes, conta diversos casos que acompanhou no conselho. Muitos impressionam. Entre eles, a história da menina de 10 meses, com problemas sérios de coração e que a mãe se recusava a procurar atendimento médico.

Quando avisados do caso, procuraram imediatamente a família da criança. A mãe estava em casa com a menina. Antunes pediu para que a mãe arrumasse a coisas, que o conselho as levaria para Florianópolis, onde a menina receberia atendimento especializado. A mãe se recusou a levar a filha naquele momento. Então, foi avisada que na manhã seguinte seria obrigada a seguir com a menina para Florianópolis. Assim ocorreu, embora a mãe tenha resistido e seguido contra vontade. Após a consulta médica e informada quanto ao diagnóstico do bebê, ele foi imediatamente internado no hospital. O caso era grave. A mãe permaneceu com a criança no hospital por alguns dias e retornou para Tubarão, deixando a filha no hospital.

Tomando conhecimento do fato, Antunes tentou procurar pela mãe, mas não a encontrou mais. Situação delicada, descaso dos pais que abandonaram a criança no hospital. Depois de alguns dias, infelizmente o bebê veio a falecer. E a mãe estava desaparecida. Onde estava o sentimento materno? É difícil de compreender, diz Antunes.

Situações semelhantes acontecem todos os dias na sociedade. E o trabalho de profissionais como Fernando é de fundamental importância para auxiliar estas crianças, inocentes, indefesas, que estão à mercê de pais incapazes de dar carinho e atenção para um ser que tem o próprio sangue.

No município de São Ludgero, o Centro de Educação e Cidadania (CEC) garante atendimento a crianças e adolescentes que se encontram em situação de risco social. O projeto surgiu da iniciativa do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e atende crianças encaminhadas pelo Conselho Tutelar e pela Vara da Infância e Adolescência. As 75 crianças que permanecem no CEC, em período integral, são acompanhadas pelo conselho tutelar, psicóloga e professores.

Uma missão árdua, que requer dedicação. Mas também gratificante. Assim é o trabalho dos profissionais que atuam na instituição. Oferecer aos pequenos cidadãos melhores oportunidades é o principal objetivo do projeto. Aulas de música, dança, oficinas de artesanato, computação e demais atividades fazem parte do dia a dia das crianças. Segundo a professora Salete Venturiano, muitas das crianças, quando chegaram no CEC, tinham problemas com higiene, não se alimentavam direito e tinham dificuldade na escola. Mas com o passar do tempo, foram melhorando, e hoje são crianças que brincam, estudam e se divertem entre as demais.
“O resultado é muito positivo”, afirma Salete.

Profissionais como Antunes e os que atuam no CEC são apenas alguns exemplos de pessoas que se mobilizam para ajudar crianças e adolescentes. O trabalho de cada um deles é uma luta diária. “Uma luta em prol da sociedade e que só vai acabar quando a própria sociedade entender o valor e verdadeiro amor que uma criança deve receber”, alerta Salete.

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